[carta de uma criança aos pais]
“Olha para mim!
Quero que olhes para mim , que me vejas! Tal e qual como eu sou, com os meus defeitos incluídos e quero que saibas que:
Tenho palavras, tenho frases que quero dizer. Sim, também tenho opiniões, que tanto tenho vontade de dizer que “És a melhor mãe do mundo” ou que “Estás a ser uma chata”.
E tenho emoções, todas as emoções que eu não consigo descodificar, não as consigo perceber. Ajudas-me? Ajudas-me a perceber porque estou com o coração a mil? Ajudas-me a perceber porque só me apetece chorar? Ajudas-me a decifrar o que se passa dentro de mim?
E tenho vontades, desejos daqueles que só te dão dor de cabeças. E outros nem por isso. Mas quando eu quero realmente uma coisa vou-te pedir, até que tu firmemente me digas que não é possível. Ah, mas não aceito só um não! Aceito um não e uma justificação.
E quando ralhas comigo e a seguir dás-me beijinhos, não consigo perceber, se estás chateada ou se não estás chateada. Consegues-me explicar se afinal fiz bem ou não?
Tenho sonhos, nasci com eles e vou com eles para a vida. Se, por vezes, digo ou faço algo que supostamente não devia, é porque não sei fazer de outra forma. Ou outras vezes, é porque gosto tanto de ti que te quero ter por perto.”
Um abraço,
Cátia*
Psicóloga & Facilitadora de Parentalidade Consciente
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