Crianças invísiveis, adultos invísiveis

Nas escolas ou em casa, quem faz mais barulho ou provoca mais confusão é quem tem a atenção dos adultos.

Mas existem outras crianças, que na sua maioria das vezes, por serem rotuladas de tímidas, caladinhas, “bem comportadas” passam totalmente despercebidas ao olhar dos educadores.

Frases como “Ela não dá trabalho!” ou “Eu nem dou por ela, está sempre ali no seu cantinho” deveriam ser vistas como um alerta. São as crianças mais caladinhas, que mais reprimem emoções, que mais pensativas estão. Têm uma maior propensão a uma autoestima baixa, pensam muitas vezes “O que eu tenho que fazer para chamar atenção dos adultos?” ou “Será que eles gostam de mim?”. Por vezes, estas crianças podem ter um comportamento exacerbado para dizer “Eu também existo e estou aqui!”.

Não são apenas as crianças que ficam invisíveis, também existem adultos assumem esse estado de invisibilidade. Não querem ser vistos, querem passar despercebidos, ou até querem ser vistos, mas ninguém os vê. “Tens um comportamento exemplar”, “és sempre tão certinha”, “não partes um prato”.

É que quanto os que andam aos saltos, são as estrelas principais, os que ficam quietinhos, ficam como figurantes na vida.

Se tens um filho “invisível” passa mais tempo com ele, fala com ele, explora os seus sentimentos, fala sobre a escola, os amigos. Melhor ainda, fala sobre ti. Se calhar também passaste ou passas por isso e conta-lhe como te sentes, como fazes para lidar e tornares-te mais visível, principalmente para ti.

Eu sei que tu sabes o que podes fazer agora para assumir o papel principal da tua vida. Tu podes escolher. Se tu não escolheres, alguém vai escolher por ti. Tu já és visível.

Um abraço amoroso,

Cátia *

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