“Ajude-me a crescer, mas deixe-me ser eu mesmo”. Maria Montessori
Há quem rotule as crianças como pequenos ditadores, que fazem de tudo para manipular e chamar atenção dos seus cuidadores. E posso dizer-lhe já que no dicionário das crianças, palavras como manipulação, controlar, ditadura não existem. São projeções nossas, do mundo adulto. E que fazem toda a diferença, quando as deixamos ir, na relação que criamos com os nossos filhos.
Quando percepcionamos as crianças de uma determinada forma, ela fica lá para sempre. Ao fazermos isto estamos a perder aquilo que há de mais importante entre pais e filhos: vínculos seguros tecidos com limites, regados com amor, fertilizados com palavras gentis.
Ninguém disse que era fácil lidar com uma criança que está constantemente a dizer que não a tudo. Desde do vamos dormir, ao lavar os dentes, o vestir, o calçar, o não comer o gelado, o ir para a mesa, o desligar a televisão, tudo se torna tão difícil, quando não entendemos o que está lá por detrás deste comportamento.
Normalmente respondemos a um comportamento de uma criança como se ele fosse um adulto. Se ela diz-nos que não, se grita, nós também dizemos que não e gritamos. Esquecemo-nos de quem tem mais recursos para saber gerir eficazmente a relação. Queremos, antes de parar, pensar, apagar aquele comportamento o mais rapidamente possível. O problema desta estratégia é que ela resulta a curto-prazo e não traz benefícios para criar vínculos seguros.
Duas coisas que eu falo em detalhe com os pais e que todos nós deveríamos saber. A diferença entre comportamento e necessidade emocional.
- Comportamento: forma que a criança encontrou para expressar as suas emoções, normalmente através do seu corpo, da sua linguagem e até do seu tom de voz. Há uma ação, uma resposta, uma vivência.
- Necessidade emocional: escondida por detrás do comportamente, é o motor que leva ao comportamento. É a causa, mas não justificação, ou seja, é a origem para aquele comportamento, mas não significa que justifique o comportamento.
Uma criança que bate ou morde na mãe, a nossa tendência é responder a esse comportamento. Em vez disso, deveríamos questionar: Qual é a razão por detrás desse comportamento? Está cansada, precisa de dormir, está chateado porque dizemos que não? Neste caso, o importante é de uma forma gentil parar o braço e explicar que bater ou morder não é permitido e reconhecer a emoção “Vejo que estás chateado porque não vamos ao parque. Está a ficar muito tarde, vamos jantar e amanhã a seguir a escola vamos ao parque”. Acontece a criança insistir e muito e aqui é tão importante manter a calma e a tranquilidade.
Este comportamento também acontece em crianças mais velhas, adolescentes e até em adultos. A diferença está na maturidade emocional que vamos tendo à medida que vamos crescendo e os recursos que temos para gerir as emoções mais expansivas.
Abraço,
Cátia*